segunda-feira, 12 de julho de 2010

Uruguai x Gana

Mão na bola no último segundo recoloca Uruguai na semifinal da Copa após 40 anos

Uma partida nunca foi tão dramática. No último segundo, Luis Suarez colocou a mão na bola, dentro da área. Foi expulso. Em qualquer outra situação, seria o vilão. Mas ele se tornou o herói da classificação do Uruguai para sua primeira semifinal de Copa do Mundo em 40 anos.

O lance aconteceu no último segundo da prorrogação. O gol de Gana era certo. O pênalti, a última alternativa. Quando Asamoah Gyan bateu, os uruguaios já choravam. Mas ele acertou a trave. O jogo foi para os pênaltis e a camisa da Celeste Olímpica pesou.

Muslera pegou os pênaltis de Mensah e Adiyiah. Maxi Pereira ainda perdeu. E coube a Loco Abreu marcar o gol da vitória. E ele provou que o apelido não é à toa. Com toda a responsabilidade de um bicampeão mundial que nos últimos anos tinha perdido o status de potência nos ombros, cobrou com categoria, por baixo. A bola entrou devagar no gol de Gana.

O resultado foi surpreendente. Quando a primeira etapa do tempo regulamentar terminou, pouca gente no Uruguai apostaria na Celeste Olímpica. Diego Lugano, seu capitão e maior referência defensiva, tinha se machucado pouco antes. E Muntari, com a ajuda da inexplicável bola jabulani, tinha feito 1 a 0 para Gana nas quartas de final da Copa do Mundo.

Mas os uruguaios não desistiram. E o nome da reação foi Diego Forlán, que superou o pai, o lateral Pablo Forlán, que só chegou às oitavas com a seleção. Graças a ele, o mito da Celeste Olímpica, o time que venceu as Copas do Mundo de 1930 e 1950, reviveu.

O atacante tem faro de gol fora do comum. Foi, por duas vezes, o maior artilheiro da temporada no futebol europeu. Mas, aos 31 anos, assumiu uma nova personalidade com a camisa da Celeste. Com a boa fase do jovem Luís Suarez, virou quase um meio-campista, atuando como armador de jogadas, não como definidor.

A marcação ganense, no entanto, anulou o novato. E o veterano, que tinha passado quase incógnito em sua última Copa, em 2002, resolveu assumir o papel que todos imaginavam que seria dele. Logo no início do segundo tempo, bateu uma falta com força. Usou o “efeito jabulani”. A bola enganou o goleiro Kingson e entrou. Com o jogo empatado, a tradição uruguaia fez a diferença.

Em campo, os sul-americanos personificaram o melhor estilo de seu continente. Após um primeiro tempo apático, em que foram completamente dominados por Gana - os únicos lances de perigo para o Uruguai nos primeiros 45 minutos aconteceram no início do jogo, até os 15min –, a partir do segundo tempo o jogo mudou. A seleção de Oscar Tabarez foi aguerrida, brigou pelos lances, não desistiu.

Manteve o 1 a 1 no placar em um lance de raça. Aos 15min do 2º tempo da prorrogação, em bola lançada na área, Gana quase marcou duas vezes. A primeira foi desviada com o joelho. A segunda, com as mãos de Suarez. E, nos pênaltis, garantiu a vaga na semi. O rival será a Holanda, que eliminou o Brasil. A partida está marcada para a próxima terça-feira, às 15h30, na Cidade do Cabo.

O resultado acaba com os sonhos não só de Gana, mas de todo o continente africano. Pela primeira vez organizando o Mundial, a vontade de todos os africanos era assistir, pela primeira vez, a um representante próprio jogar as semifinais do torneio.

E o time montado pelo técnico sérvio Milovan Rajevac parecia montado especialmente para isso. Era experiente, tinha a maioria de seus atletas atuando na Europa e um esquema de jogo cauteloso, defensivo, mas com força no ataque. Asamoah Gyan, um tanque de 1,86m, somava três gols na competição e era um perigo para os uruguaios.

Além disso, sabia vencer. Conquistou o Mundial sub-17 duas vezes e o sub-20, uma - no ano passado, bateu o Brasil de Paulo Henrique Ganso na final. O país também foi vice-campeão de Mundiais menores quatro vezes. Os ganenses, no entanto, ainda não conseguiram a transição. Para eles, ainda é um desafio jogar contra a elite mundial.

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